Cultura de Pessoas nas Empresas: O Que É, Como Funciona, Vantagens, Desvantagens e Como Adequar à NR-1 dos Riscos Psicossociais


Nos últimos anos, empresas de todos os segmentos começaram a perceber que a sustentabilidade dos negócios vai além de produtos, processos e metas. O verdadeiro diferencial competitivo são as pessoas.

Nesse cenário surge a Cultura de Pessoas, um modelo de gestão onde colaboradores são o centro da estratégia, e não apenas recursos produtivos.

Neste artigo, você vai entender:

  • Como surgiu a Cultura de Pessoas;
  • Quais são seus fundamentos e características;
  • As vantagens e desvantagens desse modelo;
  • O ponto de equilíbrio para aplicá-la com sucesso;
  • E, principalmente, como adequar a Cultura de Pessoas às exigências da NR-1, que agora inclui a gestão dos riscos psicossociais.

Se você é gestor de RH, líder ou empresário, este conteúdo é indispensável para construir empresas mais humanas, produtivas e saudáveis.


História e Origem da Cultura de Pessoas nas Empresas

A Cultura de Pessoas ganhou força a partir da década de 1980, com a evolução dos modelos de gestão focados no ser humano, como o Humanismo Organizacional e abordagens como Gestão por Competências e Organizações Positivas.

Ela surge como contraponto aos modelos tradicionais centrados em hierarquia, comando-controle e produtividade a qualquer custo, muito comuns no período da Revolução Industrial e na gestão fordista.

O movimento ganha ainda mais força no século XXI, impulsionado por temas como:

  • Saúde mental no trabalho;
  • Segurança psicológica nas organizações;
  • ESG (Environmental, Social and Governance);
  • E, mais recentemente, pela inclusão da gestão dos riscos psicossociais na NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1).


Fundamentos da Cultura de Pessoas

  • Valorização do ser humano acima dos processos.

  • Foco no desenvolvimento, bem-estar e satisfação dos colaboradores.

  • Ambientes psicologicamente seguros e emocionalmente saudáveis.

  • Liderança baseada em empatia, escuta ativa e desenvolvimento.

  • Clima organizacional saudável como parte da estratégia.

  • Reconhecimento e recompensa que vão além dos resultados financeiros.


Principais Características da Cultura de Pessoas

  • Ambientes que priorizam segurança psicológica: Empresas com essa cultura investem na criação de espaços onde os colaboradores se sentem seguros para se expressar, errar, aprender e se desenvolver.

  • Foco no desenvolvimento contínuo: Programas de desenvolvimento humano, treinamento comportamental, feedbacks constantes e planos de carreira são essenciais.

  • Liderança humanizada e de apoio: O papel do líder é desenvolver, escutar, orientar e dar suporte. A liderança deixa de ser comando-controle e passa a ser facilitadora.

  • Equilíbrio entre vida pessoal e profissional: Há políticas que apoiam a saúde mental, bem-estar e flexibilidade, entendendo que pessoas saudáveis performam melhor.

  • Reconhecimento não só pelo resultado, mas pelo comportamento: Atitudes como colaboração, empatia, comprometimento e aprendizado são reconhecidas e valorizadas tanto quanto o atingimento de metas.


Vantagens da Cultura de Pessoas

  • Maior atração e retenção de talentos: Empresas que valorizam as pessoas atraem profissionais engajados e reduzem o turnover.

  • Ambiente mais saudável e produtivo: Quando as pessoas se sentem seguras, respeitadas e valorizadas, naturalmente entregam mais e melhor.

  • Aumento do engajamento e da motivação: O colaborador sente que faz parte de algo maior e se engaja com os objetivos da empresa.

  • Redução de afastamentos e presenteísmo: A gestão de saúde mental, bem-estar e clima organizacional reflete diretamente na diminuição de licenças médicas e baixa produtividade.

  • Melhoria na imagem e reputação da empresa: Empresas com essa cultura são vistas como marcas empregadoras fortes e desejadas no mercado.


Desvantagens da Cultura de Pessoas (Quando Mal Aplicada)

  • Risco de excesso de permissividade: Sem uma boa gestão de processos e resultados, a empresa pode se tornar excessivamente permissiva, perdendo produtividade.

  • Dificuldade em cobrar performance: Se não houver equilíbrio, os líderes podem se sentir desconfortáveis para cobrar entregas, com medo de parecerem opressores.

  • Desalinhamento entre cuidado e resultado: Algumas empresas erram ao focar apenas no bem-estar e esquecem que a sustentabilidade dos negócios depende também de metas claras e desempenho.


O Ponto de Equilíbrio Ideal: Onde o Cuidado e a Performance se Encontram

O segredo de uma Cultura de Pessoas saudável e sustentável é entender que:

Cuidar das pessoas não é o oposto de cobrar performance.

Na verdade, quanto mais cuidado, mais resultado. Mas isso só funciona se houver alinhamento claro sobre:

  • Quais são os comportamentos esperados;
  • Quais são os resultados necessários;
  • E como ambos caminham juntos, sem que um sacrifique o outro.

Empresas bem-sucedidas nesse modelo definem indicadores não só de performance operacional, mas também de clima organizacional, bem-estar e desenvolvimento humano.


Como Adequar a Cultura de Pessoas às Novas Exigências da NR-1 (Riscos Psicossociais)

A nova versão da NR-1, que entrou em vigor em janeiro de 2024, obriga as empresas a avaliarem, monitorarem e mitigarem riscos psicossociais no ambiente de trabalho.

Na prática, a Cultura de Pessoas deixa de ser um diferencial e passa a ser também uma obrigação legal.

Para se adequar:

  • A empresa precisa implementar ferramentas para mapear o clima organizacional, estresse, burnout, conflitos e sinais de sofrimento emocional.

  • Precisa capacitar líderes para lidar com segurança psicológica e gestão de riscos psicossociais.

  • O RH deve criar planos de ação baseados nos dados, com intervenções para reduzir riscos, melhorar o clima e fortalecer a cultura.

Plataformas como a Beewell oferecem monitoramento contínuo dos riscos psicossociais e fornecem dados para que o RH tome decisões mais rápidas e assertivas.


Como o RH Pode Liderar Esse Processo de Forma Estratégica

Se você é gestor de RH ou líder, é essencial desenvolver novas competências para se destacar nesse cenário. O RH moderno não é mais apenas operacional — é protagonista.

Para liderar empresas com uma forte Cultura de Pessoas, você precisa:

  • Dominar inteligência emocional;

  • Aprimorar habilidades de comunicação não violenta e escuta ativa;

  • Entender de gestão de clima, bem-estar e riscos psicossociais;

  • Atuar de forma estratégica, usando dados para embasar decisões sobre pessoas e cultura.

O futuro das organizações é humano, e o papel do RH nunca foi tão essencial.

Thatiana Cavalcanti

CMO – Beewell

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