Como começar a mapear riscos psicossociais segundo a nova NR-1: Descubra os primeiros passos para identificar riscos psicossociais.

21 de novembro de 2025

Orientações práticas para RH e líderes: O que mudou com a NR-1 e por que isso importa agora

A nova exigência de riscos psicossociais

A Portaria MTE nº 1.419/2024 alterou a Norma Regulamentadora 1 para incluir explicitamente os fatores de risco psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Essas mudanças entram em vigor para todas as empresas, independentemente do porte, a partir de 26 de maio de 2025. Os riscos psicossociais contemplam situações como sobrecarga de trabalho, assédio moral, falta de apoio da liderança e metas abusivas.

Prazo e fase educativa

Segundo o Ministério do Trabalho, a implementação desses riscos no GRO começa em caráter educativo.l Ou seja, entre 26 de maio de 2025 e 25 de maio de 2026, a fiscalização será mais orientadora do que punitiva, com foco em adaptação e conscientização. Esse período é uma oportunidade estratégica para o RH estruturar a gestão psicossocial com qualidade, sem pressa excessiva.


Por onde começar: primeiros passos para mapear riscos psicossociais

Diagnóstico inicial

  1. Mapeie o contexto atual
    • Analise dados já disponíveis no RH: taxas de absenteísmo, turnover, afastamentos por saúde mental.
    • Identifique funções, equipes ou unidades com sinais de risco mais elevados.
  2. Crie um comitê interno
    • Forme um time com representantes de RH, SST (Segurança e Saúde no Trabalho) e lideranças para liderar esse projeto.
    • Estabeleça responsabilidade clara: quem fará o mapeamento, quem gerará os relatórios, quem será responsável pelas ações.

Metodologias para avaliação

Para avaliar riscos psicossociais de forma robusta, combine diferentes métodos:

  • Questionários estruturados – permitem coletar dados amplos de forma padronizada, com escalas para medir estresse, assédio ou sobrecarga.
  • Entrevistas individuais – ajudam a captar percepções profundas e exemplos concretos de risco.
  • Grupos focais / workshops – favorecem a discussão entre os colaboradores, revelando dinâmicas de equipe, conflitos e preocupação real.
  • Observações ou diagnósticos documentais – análise de processos, metas, jornadas e estrutura de trabalho pode dar luz a riscos ocultos.


O que o Ministério do Trabalho realmente exige na prática

Identificação, avaliação e controle conforme a Portaria

De acordo com a NR-1 revisada, as empresas devem:

  • Identificar os riscos psicossociais (fases iniciais)
  • Avaliar os riscos identificados em termos de probabilidade e gravidade
  • Classificar esses riscos para definir prioridades de ação (eliminar, mitigar, controlar)
  • Implementar medidas preventivas e corretivas (mudanças de processo, treinamentos, suporte psicológico, comunicação)
  • Acompanhar e monitorar a efetividade das medidas, revisando conforme necessário.

Documentação, monitoramento e plano de ação

É necessário registrar todo o processo: desde o diagnóstico até as ações adotadas e seus resultados. Esse registro deve estar disponível no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) para eventual fiscalização. Além disso, recomenda-se definir indicadores e metas para acompanhar a efetividade das ações, por exemplo, redução de relatos de assédio, melhora no clima ou menor absenteísmo.


Como estruturar esse trabalho dentro do RH e da cultura organizacional

Envolver lideranças e colaboradores

  • Líderes precisam ser parte ativa: não basta apenas preencher questionários, é necessário que demonstrem compromisso real com melhorias.
  • Treinamentos: capacite gestores para identificar comportamentos de risco, ouvir a equipe e dar retorno com empatia.
  • Comunicação transparente: explique para todos na empresa por que os riscos psicossociais são agora parte da NR-1 e como será feita a gestão.

Garantir ciclo contínuo de avaliação e melhoria

  • Estabeleça um ciclo permanente de ouvir – agir – reavaliar.
  • Use os resultados das avaliações para desenhar intervenções culturais (ex: políticas de trabalho mais flexíveis, programas de performance, comitês de bem-estar).
  • Monitore os efeitos dessas ações e ajuste conforme os dados, essa é a base de uma cultura de melhoria contínua alinhada com a saúde mental e a conformidade normativa.


Para gestores de RH que nunca enfrentaram essa demanda antes, a inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 pode parecer intimidadora. Mas a chave está em começar com um diagnóstico estruturado, metodologias apropriadas e um plano de ação bem documentado. Esse trabalho não é apenas uma exigência legal: é uma oportunidade para fortalecer a cultura organizacional, promover ambientes mais saudáveis e proteger a saúde mental dos colaboradores.


FAQs

  1. Quando a nova NR-1 passa a exigir a gestão de riscos psicossociais?
  2. A exigência vai a partir de 26 de maio de 2025, de acordo com a Portaria MTE nº 1.419/2024.
  3. É preciso contratar psicólogos ou consultores externos?
  4. A norma não exige obrigatoriamente a contratação fixa de psicólogos, mas é recomendável envolver especialistas para avaliar os riscos psicossociais de forma robusta.
  5. Posso usar pesquisas internas comuns para mapear esses riscos?
  6. Sim. Ferramentas como questionários de clima, pulse surveys e entrevistas são eficazes para identificar riscos psicossociais quando bem estruturadas.
  7. Como comprovar para uma fiscalização que estamos em conformidade?
  8. Mantenha um PGR atualizado com o inventário de riscos, planos de ação, registros de avaliação e monitoramento. Esses documentos devem estar disponíveis para a inspeção do trabalho.
  9. Qual é a vantagem cultural de mapear esses riscos psicossociais?
  10. Além de cumprir a lei, empresas que gerenciam psicossocial promovem melhor engajamento, redução de turnover, clima mais saudável e cultura de confiança — fortalecendo tanto o bem-estar quanto a produtividade.

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