Orientações práticas para RH e líderes: O que mudou com a NR-1 e por que isso importa agora
A nova exigência de riscos psicossociais
A Portaria MTE nº 1.419/2024 alterou a Norma Regulamentadora 1 para incluir explicitamente os fatores de risco psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Essas mudanças entram em vigor para todas as empresas, independentemente do porte, a partir de 26 de maio de 2025. Os riscos psicossociais contemplam situações como sobrecarga de trabalho, assédio moral, falta de apoio da liderança e metas abusivas.
Prazo e fase educativa
Segundo o Ministério do Trabalho, a implementação desses riscos no GRO começa em caráter educativo.l Ou seja, entre 26 de maio de 2025 e 25 de maio de 2026, a fiscalização será mais orientadora do que punitiva, com foco em adaptação e conscientização. Esse período é uma oportunidade estratégica para o RH estruturar a gestão psicossocial com qualidade, sem pressa excessiva.

Por onde começar: primeiros passos para mapear riscos psicossociais
Diagnóstico inicial
- Mapeie o contexto atual
- Analise dados já disponíveis no RH: taxas de absenteísmo, turnover, afastamentos por saúde mental.
- Identifique funções, equipes ou unidades com sinais de risco mais elevados.
- Crie um comitê interno
- Forme um time com representantes de RH, SST (Segurança e Saúde no Trabalho) e lideranças para liderar esse projeto.
- Estabeleça responsabilidade clara: quem fará o mapeamento, quem gerará os relatórios, quem será responsável pelas ações.
Metodologias para avaliação
Para avaliar riscos psicossociais de forma robusta, combine diferentes métodos:
- Questionários estruturados – permitem coletar dados amplos de forma padronizada, com escalas para medir estresse, assédio ou sobrecarga.
- Entrevistas individuais – ajudam a captar percepções profundas e exemplos concretos de risco.
- Grupos focais / workshops – favorecem a discussão entre os colaboradores, revelando dinâmicas de equipe, conflitos e preocupação real.
- Observações ou diagnósticos documentais – análise de processos, metas, jornadas e estrutura de trabalho pode dar luz a riscos ocultos.
O que o Ministério do Trabalho realmente exige na prática
Identificação, avaliação e controle conforme a Portaria
De acordo com a NR-1 revisada, as empresas devem:
- Identificar os riscos psicossociais (fases iniciais)
- Avaliar os riscos identificados em termos de probabilidade e gravidade
- Classificar esses riscos para definir prioridades de ação (eliminar, mitigar, controlar)
- Implementar medidas preventivas e corretivas (mudanças de processo, treinamentos, suporte psicológico, comunicação)
- Acompanhar e monitorar a efetividade das medidas, revisando conforme necessário.
Documentação, monitoramento e plano de ação
É necessário registrar todo o processo: desde o diagnóstico até as ações adotadas e seus resultados. Esse registro deve estar disponível no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) para eventual fiscalização. Além disso, recomenda-se definir indicadores e metas para acompanhar a efetividade das ações, por exemplo, redução de relatos de assédio, melhora no clima ou menor absenteísmo.
Como estruturar esse trabalho dentro do RH e da cultura organizacional
Envolver lideranças e colaboradores
- Líderes precisam ser parte ativa: não basta apenas preencher questionários, é necessário que demonstrem compromisso real com melhorias.
- Treinamentos: capacite gestores para identificar comportamentos de risco, ouvir a equipe e dar retorno com empatia.
- Comunicação transparente: explique para todos na empresa por que os riscos psicossociais são agora parte da NR-1 e como será feita a gestão.
Garantir ciclo contínuo de avaliação e melhoria
- Estabeleça um ciclo permanente de ouvir – agir – reavaliar.
- Use os resultados das avaliações para desenhar intervenções culturais (ex: políticas de trabalho mais flexíveis, programas de performance, comitês de bem-estar).
- Monitore os efeitos dessas ações e ajuste conforme os dados, essa é a base de uma cultura de melhoria contínua alinhada com a saúde mental e a conformidade normativa.
Para gestores de RH que nunca enfrentaram essa demanda antes, a inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 pode parecer intimidadora. Mas a chave está em começar com um diagnóstico estruturado, metodologias apropriadas e um plano de ação bem documentado. Esse trabalho não é apenas uma exigência legal: é uma oportunidade para fortalecer a cultura organizacional, promover ambientes mais saudáveis e proteger a saúde mental dos colaboradores.

FAQs
- Quando a nova NR-1 passa a exigir a gestão de riscos psicossociais?
- A exigência vai a partir de 26 de maio de 2025, de acordo com a Portaria MTE nº 1.419/2024.
- É preciso contratar psicólogos ou consultores externos?
- A norma não exige obrigatoriamente a contratação fixa de psicólogos, mas é recomendável envolver especialistas para avaliar os riscos psicossociais de forma robusta.
- Posso usar pesquisas internas comuns para mapear esses riscos?
- Sim. Ferramentas como questionários de clima, pulse surveys e entrevistas são eficazes para identificar riscos psicossociais quando bem estruturadas.
- Como comprovar para uma fiscalização que estamos em conformidade?
- Mantenha um PGR atualizado com o inventário de riscos, planos de ação, registros de avaliação e monitoramento. Esses documentos devem estar disponíveis para a inspeção do trabalho.
- Qual é a vantagem cultural de mapear esses riscos psicossociais?
- Além de cumprir a lei, empresas que gerenciam psicossocial promovem melhor engajamento, redução de turnover, clima mais saudável e cultura de confiança — fortalecendo tanto o bem-estar quanto a produtividade.
