Por Veruska Galvão – Especialista em Cultura Organizacional e Embaixadora Beewell
Por que cultura organizacional importa em tempos de mudança?
Em momentos de transformação, sejam mudanças normativas, tecnológicas ou de mercado a cultura organizacional da empresa assume um papel vital. Uma cultura forte não apenas orienta comportamentos e decisões, mas também cria resiliência, clareza e coesão para que times respondam com agilidade e alinhamento. Para o RH e os líderes, isso significa que o “modo como fazemos as coisas aqui” se torna um ativo estratégico.
O que mudou com a nova NR-1 e o que isso significa para cultura e clima
A norma regulamentadora NR-1 passou por atualização, especialmente com a inclusão expressa dos “fatores de risco psicossociais relacionados ao trabalho” no âmbito do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). A exigência legal reforça que ambientes de trabalho seguros não são apenas físicos ou ergonômicos, mas também psicológicos. Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego informou: “Os empregadores devem identificar e avaliar riscos psicossociais em seus ambientes de trabalho… independentemente do porte da empresa.”
Impactos práticos para lideranças e RH
Essa mudança normativa exige que as lideranças e áreas de RH não apenas cumpram requisitos técnicos, mas repensem a cultura:
- Monitorar percepções de estresse, assédio, falta de apoio e autonomia;
- Garantir que o clima de trabalho corresponda aos valores e à missão da empresa;
- Transformar a investigação de riscos em fonte de insight para engajamento, inovação e bem-estar.
- Portanto, a cultura e o clima tornam-se partes integradas da gestão de SST (segurança e saúde no trabalho).
Principais tipos de pesquisas e seus objetivos
Para operacionalizar essa gestão cultural e normativa, algumas pesquisas internas são fundamentais:
- Pesquisa de Clima Organizacional: avalia como os colaboradores percebem ambiente, liderança, comunicação e valores da empresa.
- Pesquisa de Engajamento: mede o grau de conexão emocional dos colaboradores com a missão, metas e cultura da organização.
- eNPS (Employee Net Promoter Score): pergunta se o colaborador recomendaria a empresa como bom lugar para trabalhar, um termômetro da satisfação interna.
- Pulse Surveys ou check-ins rápidos: capturam situação momentânea do clima ou engajamento, permitindo ajustes ágeis.
Como traduzir dados de pesquisa em ações estratégicas?
Coletar dados é apenas o começo. A verdadeira vantagem está em transformar os insights em estratégia:
- Identifique padrões, por exemplo: queda no engajamento em determinada unidade pode apontar falhas de liderança, carga excessiva ou falta de reconhecimento.
- Priorize ações que dialoguem diretamente com os valores organizacionais e com as exigências da NR-1 (ex.: prevenção de riscos psicossociais, apoio à saúde mental).
- Implemente um ciclo contínuo: aplicar → analisar → agir → reavaliar. Esse ciclo cria cultura como um sistema vivo, não apenas uma checklist.
- Use os dados para reforçar o alinhamento entre clima, cultura e governança de SST, quando a empresa demonstra que valores são seguidos, a credibilidade cresce e a rotatividade tende a cair.
Como fortalecer a cultura organizacional sob o novo cenário?
Cinco práticas recomendadas para líderes e RH
- Mapear e ouvir continuamente: use pesquisas internas para dar voz aos colaboradores e identificar riscos psicossociais emergentes.
- Liderança visível e engajada: os gestores precisam demonstrar que valorizam bem-estar, segurança e cultura, não só desempenho.
- Integração entre SST, RH e Comunicação: cultura forte depende de clareza, escuta e canais eficazes de feedback. A NR-1 exige que os riscos sejam gerenciados como parte da SST.
- Ações efetivas com base nos dados: transforme os insights das pesquisas em intervenções práticas, por exemplo, ajustes de carga de trabalho, melhoria de autonomia, reconhecimento e suporte.
- Revisão e evolução constante: a cultura não se “encerra” com um programa ou norma; ela cresce com ciclos de escuta, ação e evolução. Empresas que adotam esse ritmo se posicionam como ambientes mais seguros, colaborativos e inovadores.
Integração entre clima, engajamento e sistemas de governança de SST
A nova NR-1 aproxima gestão de riscos e cultura organizacional ao pedir que riscos psicossociais sejam identificados, avaliados e controlados formalmente. Quando o RH utiliza pesquisas para medir clima e engajamento e conecta esses dados à governança de SST, cria-se um sistema holístico onde cultura, clima e segurança se reforçam mutuamente. Isso reduz afastamentos, melhora retenção e fortalece o desempenho.
Fortalecer a cultura organizacional em tempos de mudança normativa como a atualização da NR-1, exige mais do que conformidade técnica. Requer transformação estratégica: aplicar pesquisas internas, extrair dados valiosos, agir sobre eles e tornar o cuidado com as pessoas um pilar da performance. Empresas que adotam essa abordagem não apenas cumprem obrigações legais, mas se destacam como ambientes de confiança, inovação e sustentabilidade.
FAQs
1. O que a NR-1 exige em relação aos riscos psicossociais?
A norma obriga que todos os riscos ocupacionais, incluindo os psicossociais, sejam identificados, avaliados e controlados no Programa de Gerenciamento de Riscos (GRO) da empresa.
2. Por que aplicar pesquisas internas ajuda a cultura organizacional?
Porque permitem coletar dados sobre clima, engajamento e percepção dos colaboradores, transformando suposições em decisões estratégicas que promovem pertencimento e alinhamento.
3. Qual a diferença entre pesquisa de clima e pesquisa de engajamento?
Pesquisa de clima avalia a percepção sobre ambiente, liderança e comunicação; pesquisa de engajamento mede a conexão emocional com a empresa, missão e metas.
4. Como usar os resultados das pesquisas para reduzir risco e alinhar à NR-1?
Use os dados para identificar fatores de risco psicossociais (ex.: sobrecarga, falta de apoio), implemente ações de controle e enlace esses esforços à governança de SST exigida pela norma.
5. Com que frequência devo aplicar pesquisas internas?
Idealmente em ciclos contínuos: pesquisas completas a cada 12–18 meses, e pulse surveys trimestrais ou semestrais para monitoramento rápido e ajustes ágeis.
