Assédio Moral no Trabalho: Um Desafio Urgente para Empresas e Colaboradores


Assédio Moral no Trabalho: Um Desafio Urgente para Empresas e Colaboradores

O assédio moral no ambiente de trabalho é uma realidade que afeta profundamente a saúde mental, a produtividade e a dignidade dos trabalhadores no Brasil. Apesar de sua frequência, muitas vezes ele é subestimado ou até normalizado nas culturas organizacionais. Trata-se de um problema que vai além das interações interpessoais, pois revela falhas estruturais nas organizações e exige uma abordagem ampla e estratégica para ser combinada.

O Que é Assédio Moral?

O assédio moral é caracterizado por comportamentos abusivos, sistemáticos e prolongados, que têm como objetivo ou resultado o enfraquecimento emocional e psicológico da vítima. Entre as ações mais comuns estão humilhações públicas, intimidação, exclusão de atividades essenciais, difamação e tarefas excessivas ou desproporcionais à função. Esse tipo de violência pode ser silencioso, mas seus impactos são devastadores, não apenas para as vítimas, mas também para as empresas, que sofrem com aumento de rotatividade, absenteísmo e redução de engajamento.

Formas de Assédio Moral

O assédio moral pode ocorrer em diversas configurações hierárquicas:

  • Vertical Descendente : Quando líderes abusam de sua posição para atacar subordinados.

  • Vertical Ascendente : Quando subordinados desestabilizam a autoridade de líderes, geralmente em grupo.

  • Horizontal : Entre colegas de mesmo nível hierárquico, podendo incluir boicotes, fofocas e sabotagens.

  • Institucional : Configurado pela cultura organizacional, por meio de metas abusivas, prazos irrealistas ou incentivo a práticas predatórias.

Essa segmentação é fundamental para identificar dinâmicas tóxicas e buscar soluções específicas.

Dados Alarmantes no Brasil

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nos últimos anos houve um aumento expressivo de processos relacionados a assédio moral. Em 2021, mais de 52 mil ações foram julgadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), e as indenizações frequentemente ultrapassam a marca de R$ 20 mil por processo, com casos mais graves chegando a valores bem superiores. Além disso, dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) indicam que cerca de 52% dos trabalhadores brasileiros já vivenciaram algum tipo de assédio, seja como vítimas diretas ou testemunhas. Esses números evidenciam que o problema é generalizado, transcende setores e exige atenção imediata.

Impactos à Saúde Mental

A experiência de assédio moral pode levar a problemas como ansiedade, depressão, síndrome de Burnout e até pensamentos suicidas. Estudos apontam que trabalhadores submetidos a ambientes hostis têm 70% mais chances de desenvolver transtornos psicológicos do que aqueles que atuam em locais saudáveis. No plano fisiológico, o assédio está associado ao aumento de hormônios do estresse, como o cortisol, que em níveis elevados pode desencadear hipertensão, problemas cardíacos e outros males psicológicos.

Como identificar e Combater o Assédio Moral?

Identificação:

  • Sinais de isolamento social ou profissional.
  • Alterações emocionais visíveis em colaboradores (ansiedade, tristeza).
  • Ausências frequentes e aumento de atestados médicos.
  • Percepção de favoritismos e práticas excludentes.

Ações Preventivas:

  • Cultura Organizacional: Promover um ambiente baseado no respeito e na inclusão.

  • Políticas de Compliance: Estabelecer canais de denúncia seguros e anônimos.

  • Educação: Investir em treinamentos para líderes e colaboradores, destacando os limites éticos das relações de trabalho.

  • Monitoramento Constante: Realizar pesquisas de clima organizacional para detectar problemas precocemente.

Apoio à Vítima: As empresas devem oferecer suporte psicológico às vítimas e, quando necessário, tomar ações legais contra os agressores. Para os trabalhadores, é importante documentar incidentes e procurar ajuda jurídica ou de órgãos reguladores como o MPT.

Um Apelo à Ação

O assédio moral não é apenas uma questão de comportamento individual, mas um reflexo das estruturas e culturas dentro das organizações. Sua erradicação requer comprometimento em todos os níveis: dos líderes, que devem servir como exemplo, até políticas sólidas que assegurem a dignidade e o bem-estar dos trabalhadores. Para as vítimas, lembrar que não estão sozinhas é essencial. Denunciar, buscar apoio e falar sobre o problema são passos importantes para quebrar o ciclo de silêncio e sofrimento. Somente ao criar ambientes de trabalho saudáveis, respeitosos e justos será possível garantir que cada indivíduo tenha o direito de trabalhar com dignidade, segurança e bem-estar.

Thatiana Cavalcanti

CMO Beewell

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